29 de dezembro de 2010






DUALIDADE

Quantas vezes nós mantemos relações,
Ante as quais não se vê nenhum futuro.
Ante as quais sempre surge novo muro
Nos cercando de muitas contradições.

Quantas vezes esquecemos as razões,
Nos tornando imprudentes, inseguros.
Mesmo a vida nos cobrando altos juros
Vamos contra a sensatez de opiniões.

Quantas vezes nós ficamos submissos,
De uma coisa que não sabemos ao certo
Se é bobagem, se é loucura ou feitiço.

Mesmo assim, o coração calado, mudo,
Consciente que de erro está coberto
Continua insistindo sempre em tudo.

Jenário de Fatima

25 de agosto de 2010

ENLEIO
No amor às vezes nós mentimos tanto,
Que nos tornamos parte da mentira.
E neste engodo a mente ri, delira,
Acreditando em tudo sem espanto.

Assim como se houvesse algum quebranto,
O falso rodopia, bate e gira
Até que por cansaço ou por encanto,
Uns ares de verdade ele adquira.

Mas num amor assim vive-se o medo,
O medo que se descubra a verdade
E todo encantamento acabe cedo.

Quando acontece resta a constatação.
Do quanto é cruel a realidade;
- Se no amor cabe mentira...na dor, não!
Jenário de Fatima
TOLICES

Pra quê esta coisa de inventar,criar paixões?
Contar amores até perto dos cem.
Das fantasias ir bem mais alem
o que reza o bom senso e as tradições?

Pra quê estas tais opiniões?
Dizer pra todos que tá tudo bem
Que de nós dois o que ainda se tem
São velhos livros...cds...alguns cartões...

Pra quê este riso sempre tão aberto
Se já nem sei mais quem é que tá por perto
Nem mesmo sei com quem ando...enturmo?

Pra quê isso tudo, se tudo é vazio
Se nos meus sonhos, em meu quarto frio
É tão somente com você que durmo?
Jenario de Fatima

14 de março de 2010


CHORAR PRA QUÊ?
Jenário de Fátima


Detesto que alguém chore, choro junto
Perco a vontade de seguir em frente
Às vezes, de tão triste, eu, doente
Fico sem interesse, sem assunto.

Chorar pra que ? Sempre me pergunto
Se a vida passa assim tão levemente
Um choro bate ao fundo, dói a mente
Ecoa no meu "eu" e sofro muito.

Porém, algo me acolhe e de improviso
Lembro que também se colhe um riso
Daquela mesma boca em desatino

E deste riso aberto, rosto alegre
É a imagem que guardo e me segue
E volto então, de novo, a ser menino...

SEGREDO
Jenário de Fátima


Sempre quando o Sol morre a cada dia.
É um tem a mais, somado em nossa vida.
Mais um pedaço da estrada percorrida,
Pela efemeridade que se amplia.

Mas, se a existência é opaca e vazia,
Deixando no fundo da alma retida
A tristeza, que chega decidida,
Ocupando espaços que eram da alegria

Ai então, é preciso reavaliar conceitos.
Saber perdoar alguém que nos feriu.
Identificar erros e defeitos

Mudando em nós mesmos como não se viu.
Ah! Conseguindo isso, conte-me o jeito...
Conte-me o segredo... De como conseguiu!

TEU BEIJO
Jenário de Fátima


Este teu beijo amor, será tão doce
Como é doce o pio da Cotovia?
E se de mel, amor, ele não fosse
De que então, amor, ele seria?

Seria da cor que o arco-iris trouxe
Pra colorir nossa tarde vazia
Ou feito aquele amasso que findou-se
Em uma cama bem quente e macia?

Teu beijo amor, diga qual o gosto
Pra eu saber o que nele foi posto
Além do mel, um pouco de pimenta.

E se eu entender talvez consiga
A ver um aviso onde se lê: siga
Nesta loucura que o amor inventa.

COMUNHÃO
Jenário de Fátima & Ana Barreto


Te quero ter pra mim agora e sempre,
Um amor de completo encantamento.
Quero ir a fundo neste sentimento
Que se plantou assim feito semente.

E após semear como se ara a terra
E espera dela o que poderá nascer,
Como o sol que clareia o amanhecer
Na turva neblina que ali descerra

E apenas seremos como Deus supunha...
Não feito amores que a vida rascunha
E depois esquece qual furtiva luz.

Estaremos sim, pelo sempre ligados
Um no outro unidos, presos, completados
No universo desse amor que nos conduz...

10 de fevereiro de 2010

RESUMO
Jenário de Fátima


Tudo, tudo, o que nos sempre vivemos,
Pelos rumos que tomaram nossas vidas
Na insônia das noites mal dormidas
Na quebra das promessas que fizemos.

No rosto dos amigos que perdemos,
Nas canções que ouvimos repetidas
No gosto das saudades escondidas
De amores dos quais nunca esquecemos.

Tudo isso, faz parte de nossa história.
História que escrevemos dia a dia,
Editada em um livro na memória

E a minha, pra lhe ser sincero e franco,
Dá- me um aperto, uma angústia, uma agonia
Quando olho tantas páginas em branco.
SOBERBA
Jenário de Fátima


Essa mania de se achar gigante.
De sempre olhar pra cima ao dar o passo...
De se arrogar a quase todo instante
Aquilo que não é com estardalhaço.

Essa mania de dizer constante
Que teve sorte grande sem cansaço
E considerar insignificantes
Aqueles que rodeiam seu espaço.

Essa mania de quem sempre se acha
Que no falar a sua voz troveja,
Em uma especie única se encaixa;

Naqueles que ao mostrar tanta vaidade,
Querendo sobre si causar inveja,
Desperta-nos apenas piedade.

EU POETA?
Jenário de Fátima


Eu poeta?!... qual nada, sou apenas
Alguém que inventa uns versos por caprichos,
Versos quebrados, simples, fáceis, michos
De rimas pobres, de rimas pequenas.

Rimas que por aí se encontram às centenas.
Basta uma olhadela, um pequeno espicho
Do seu pescoço, pra se achar o nicho
De onde elas fluem livres e serenas.

Meu verso simples vem da tarde mansa
Da casa pobre ou menino de rua
De povo heróico que jamais descansa.

Do sol que queima ou do clarão da lua.
De tantas coisas presas na lembrança
E da insanidade que ora me acua.

3 de fevereiro de 2010


TIPO ASSIM
Jenário de Fátima


Depois da hora do Ângelus, vez em quando,
Quando já se anuncia a noite escura.
Meu olhar vaga o céu como em procura
De qual estrela mais está pulsando.

São tantas, tantas que vou separando
Em brilhos, tons, tamanhos e texturas
Enquanto o pálio aberto configura,
Universos em chamas faiscando.

Mas eis que uma se solta das alturas,
E cai nálgum lugar distante e frio.
E eu perdido em minhas conjecturas,

Relembro me de uma coisa tipo assim.
Quando tu foste eu fiquei tão vazio
E ninguém mais veio cuidar de mim....
TEMPO PERDIDO
Jenário de Fátima


Quanto tempo ficamos consumidos,
Pelas mágoas que devemos esquecer.
Por fantasmas do passado escondidos
Mas que as vezes insistem reaparecer.

Quanto tempo,isolados e perdidos,
Por lembranças que devemos esquecer.
Por casos que não foram resolvidos,
mas que a mente guarda mesmo sem querer.

Ai conta,quem de nós já não mais gosta,
Os negócios que perdemos a aposta,
Os amigos que não temos mais nenhum.

Conta as chancs que deixamos escapar,
Conta a dor de somente contemplar,
Ir morrendo os nossos sonhos um por um.

O QUE É O AMOR?
Jenário de Fátima


Se amor é isso que cantam os poetas
E escritores mostram em seus enredos.
Se o amor transforma ateus em ascetas
E torna bravos em homens com medos.

Se o amor tremula e abala estruturas
E aprisiona heróis em degredos
Se o amor é sempre uma eterna aventura
E meio a ela somos só brinquedos....
Acredito então que nunca tenha amado
Nunca vivenciei nada que fosse assim
Cada caso meu sempre foi controlado
Tudo que eu queria tava dito e fim
Mas o amor vira... Me diz alguém ao lado
E em forma de deboche, ri, com dó de mim...

LIBERDADE... LIBERDADE...
Jenário de Fátima

Esta coisa, que uns chama liberdade.
De fazer aquilo que bem se entende.
De fazer tudo que se dá vontade
De arvorar-se de que em nada se prende

Não existe.Existe sim de verdade,
É um estado de euforia que acende
Uma luz, cujo brilho surpreende,
Mas que esvai-se logo na escuridade.

É que sempre, sempre estaremos presos.
E os grilhões sabe cada qual os que têm.
Trabalhos, família, são como pesos

Que nos prendem, nos cerceiam, mas porém,
Não nos tornam tão frágeis, tão indefesos...
Como a coisa de não ser preso à ninguém.

24 de janeiro de 2010


COADJUVANTE
Jenário de Fátima


Como é doído ver o quanto esquivas.
Quando juntos estamos num abraço.
Sinto que sutilmente busca espaço
Em outros pares de feições mais vivas.

E disfarçando vou tua recusa,
Amarelando o riso de meus traços,
Enquanto alegremente noutros passos
Tu rodopias pela luz difusa....

Mas se a madrugada esvazia a festa.
E se já há dia pelo céu lá fora,
A mim de novo teu olhar empresta,

A mim de novo buscas sem demora.
Porque a mim somente um papel resta....
Resta o papel de te levar embora...

AVISO
Jenário de Fátima


Ninguém amou da forma que eu amei...
Gostar como eu gostei, ninguém gostou.
Porém, somente foi quando acabou,
Que mesmo tão perdido, eu me encontrei.

De tudo aquilo que fantasiei,
Dos mundos onde meu sonhar andou,
Apenas, tão somente, só guardei
As bases da estrutura do que ora sou.

Tenho um olhar hoje mais que duro
Às vezes antevejo até no escuro
Coisas que, no amor, sei, não tem jeito.

Então eu abro a face e num sorriso
Entendo que aquilo é um aviso
De que já não me cabe dor no peito.

22 de janeiro de 2010

ÚLTIMA MORADA
Jenário de Fátima


Olhando à noite no universo escuro,
As luzes que faiscam no infinito.
Vejo naquele brilho tão bonito
A paz que tanto anseio e que procuro.

Eu que sempre fui fraco, inseguro
Que por coisa qualquer tremo, me agito
Me sinto extasiado quando fito
A casa que me espera no futuro.

Ali não se haverá mais amarguras,
Por entre supernovas e quasares,
No topo de imensuráveis alturas

Buscando galáxias misteriosas,
Minh´alma voará céus estelares
Coberta pelo pó das nebulosas.
DESPERDÍCIO
Jenário de Fátima


Como é doido tanto amor no peito.
Guardado a espera de que alguém o queira.
Preso, estocado pela vida inteira
Armazenado sem nenhum proveito.

Porque será que é sempre deste jeito?
Porque será que justo quem mais ama,
Quem tem o amor como uma ardente chama
Nunca usufrui o que é seu por direito?

Porque será que a vida não dá chances
A quem procura tão somente as cenas
D'algum amor igual ao dos romances?

Sei não... Só sei que isso tudo finda um dia,
Ao ver que amor assim existe apenas
Nas rimas que um poeta fantasia!
MOMENTOS
Jenário de Fátima


Muito mais que as palavras excitantes,
Que ousamos trocar todo momento.
Muito mais que este deslumbramento,
Tão comum a loucura dos amantes.

Muito mais que o delírio dos instantes
Que me ocupa e me toma o pensamento.
Muito mais que os sonhos delirantes
Que passeiam pelos versos que invento.

Muito mais que isso tudo que me toma.
Isso tudo que adere, gruda, soma,
Ao desejo que alflora entre nós dois.

É a certeza do que conta é o presente.
Porque o resto assim pura e simplesmente
Simplesmente, a gente deixa pra depois!

MEL
Jenário de Fátima


Vou roubar seu beijo, ora se vou!
Quero ficar com ele guardadinho...
Prá nestas horas que me achar sozinho
Lembrar do gosto com o qual me beijou.

Talvez até pareça, mas não sou
Alguém que viva sem o seu carinho
E vou ficando emburrado, de beicinho
Quando perto de tí não mais estou...

Este versos são simples, e dai?
Na mesma intenção que os escrevi
Também se faz crescer o meu desejo...

De ter de novo aquela coisa doce
Que quando eu provei julguei que fosse
Um mel vindo na lingua de teu beijo...

14 de janeiro de 2010


VALE A PENA
Jenário de Fátima


Eu amo um alguem que nem sequer me olha,
Que não se importa ao que se dá comigo.
Sou feito a flor que o vento mau desfolha
E vai cair na laje de um jazigo.

Sou qual perfume que só se desrolha,
Pra relembrar-se de um amor antigo,
Sou a gotícula que a terra molha,
E some em terra como por castigo.

Mas mesmo assim, dentro em mim existe
Um anjo que não chora ou se apequena.
Se não me alegro, tambem não sou triste

Não trago voz que julga, que condena
Pois la no fundo, algo me diz, insiste
Que o amor por mais que doa, vale a pena!
MINÚCIAS
Jenário de Fátima


Amor é fragil, sentimento leve.
Igual ao vinho que se prende à rolha,
Igual à brisa que bate na folha,
Igual à queda do floco de neve...

São das minúcias que o amor escreve,
Que a gente vai fazendo cada escolha,
Já que por elas uns têm vida breve,
Qual breve é a vida do sabão na bolha...

Entre os detalhes e as coisas pequenas,
As que se veem nas repetidas cenas,
Aquelas já tão comuns e tão banais...

Que a gente sabe que se segue em frente
Ou, então, se diz de-fi-ni-ti-va-men-te:
"Agora já chega, basta, não dá mais..."
LEVE CANTO
Jenário de Fátima


Pelo negroso desta noite feita.
Chega uma horrenda figura de fera.
Vida de antiquíssima, de remota era
Que de tocaia, me espiona, espreita...

Enquanto a foice ela, calma, ajeita
Ao seu redor um brilho reverbera
Sinto-a somente apenas na espera
Pelo momento em que serei colheita...

Mas eu, embora em visivel pranto
Ainda rezo em prece e nesta hora
Na voz do vento eu ouço leve canto.

A fera se assunta, grunhe, e vai embora
E eu adormeço ao embalo do acalanto
Na voz pausada de Nossa Senhora...

CICATRIZES
Jenário de Fátima


Componho músicas pra ninguém ouvir
Faço poemas que ninguém vai ler
Pinto aquarelas que ninguém vai ver
Conto piadas pra ninguém sorrir.

Minhas carícias ninguém vai sentir
Da minha angústia ninguém vai saber
Os meus soluços ninguém vai conter
Com meu arrolo ninguém vai dormir.

Mas não é egolatria isso que carrego
Nem são egoistas os meu olhos baços
Se a solidão agora me entrego.

É porque o medo me jogou sem laços
Pois do amor apenas só carrego
As cicatrizes de seus estilhaços.
ESCOLHAS
Jenário de Fátima


Briguei com a garrafa e saca rolhas
Já não me entrego ao sabor do vinho,
Cá no meu quarto, eu, triste e sozinho
Escuto o vento assoviar nas folhas...

A vida é toda feita de escolhas
Por elas escorrem tantos caminhos
E neles voamos qual passarinhos
Ou o sabão das coloridas bolhas...

Quero um poema que me salve o dia
Ou o pensar da doce fantasia
Que mais pareça um conto de fadas.

Pra que eu liberte isso de ser triste
Pra que eu não lembre que ainda existe
Angústias em minh'alma atormentada.

7 de dezembro de 2009


ACONCHEGO
Jenário de Fátima


Quero um lugarzinho em que tu possas
Ficar tranqüila, sem preocupação
Onde as minhas, as tuas, as roupas nossas
Espalhadas fiquem todas pelo chão...

E que as horas passem sem que hajam pressas
E que nossas vozes, mais o violão
Se ajuntem as três em longas conversas,
Conversas feitas formato canção.

E que este lugar seja só ternura
E que tenha um gosto de fruta madura,
Daquelas que a gente vai tirar do pé.

E que lembre sempre, sempre a toda hora
Que sou seu senhor e que és a minha senhora,
Que sou eu teu Homem e que és minha mulher.
ACALANTO
Jenário de Fátima


Sonhei um sonho, e neste sonho havia.
Um algo assim de arrolo, de acalanto.
Um algo assim de êxtase e de encanto.
Era um enlevamento o que sentia.

Só que em meu sonho, eu não conseguia,
Saber de onde vinha aquele canto.
Por mais que eu procurasse no entanto,
A voz que o cantava se escondia.

Foi no acordar então que dei por mim.
Quando se sonha alguma coisa assim,
É a mão de Deus que em nos se faz sentir.

E ficou claro que não entendia.
A voz que ouvi era voz de Maria,
Cantarolando pra Jesus dormir.

ABRIGO
Jenário de Fátima



Está chovendo por dias a fio...
A água toma as praças, ruas e quintais.
Na tepidez de um caixote vazio,
Tremelicando eu vejo alguns pardais.

A cena é terna, comovente e rio,
Quando um deles se afasta dos demais
Alçar vôo tenta, mas penso que o frio
Congelou-lhes as asas... E ele volta atrás.

Quantos de nós, humanos nesta hora
Que a fria solidão a alma devora
Estarão na busca de um refúgio amigo?

E feito os pardais, da cena eternecente,
Se resignariam, pura e simplesmente
Se houvesse um abraço pra servir de abrigo.

A SOLIDÃO E SUAS FORMAS
Jenário de Fátima


Cada solidão tem a sua forma.
Até preferem uns, viver sozinhos.
Se isolam em seu canto,seu mundinho
Fazendo disso uma questão de norma.

Porém outros,a solidão deforma.
Não sobrevivem à falta de carinho.
E os passos pouco a pouco,em desalinho
Se perdem, e a vida toda transforma.

Alguns vida se leva,vai levando,
Se chora, mas se rí de vez em quando...
E o tempo vai passando, compassado.

Mas a solidão em seu pior feitio
É quando ou faz calor,ou se faz frio
E existe sempre ali, alguém do lado!

A CURA
Jenário de Fátima


Te leio e durante sua leitura,
Me sinto em um total envolvimento
Que os versos que me dás, são como alento
Uma fuga, ao que minh’alma procura.

E por instantes penso achar a cura,
O arroio, o acalanto, o mimo, o ungüento
Me és como melodia vinda ao vento
E a angústia que me envolve desfigura.

Após ler-te também abro uma linha
Ouso poetar e nesta ousadia
Atesto toda insanidade minha.

Mas, meu verso surpreende alguma vez
E digo a mim mesmo com alegria;
Até parece que a Sílvia quem o fez!


Soneto dedicado à escritora e poetisa Sílvia Schmidt.