10 de fevereiro de 2010

RESUMO
Jenário de Fátima


Tudo, tudo, o que nos sempre vivemos,
Pelos rumos que tomaram nossas vidas
Na insônia das noites mal dormidas
Na quebra das promessas que fizemos.

No rosto dos amigos que perdemos,
Nas canções que ouvimos repetidas
No gosto das saudades escondidas
De amores dos quais nunca esquecemos.

Tudo isso, faz parte de nossa história.
História que escrevemos dia a dia,
Editada em um livro na memória

E a minha, pra lhe ser sincero e franco,
Dá- me um aperto, uma angústia, uma agonia
Quando olho tantas páginas em branco.
SOBERBA
Jenário de Fátima


Essa mania de se achar gigante.
De sempre olhar pra cima ao dar o passo...
De se arrogar a quase todo instante
Aquilo que não é com estardalhaço.

Essa mania de dizer constante
Que teve sorte grande sem cansaço
E considerar insignificantes
Aqueles que rodeiam seu espaço.

Essa mania de quem sempre se acha
Que no falar a sua voz troveja,
Em uma especie única se encaixa;

Naqueles que ao mostrar tanta vaidade,
Querendo sobre si causar inveja,
Desperta-nos apenas piedade.

EU POETA?
Jenário de Fátima


Eu poeta?!... qual nada, sou apenas
Alguém que inventa uns versos por caprichos,
Versos quebrados, simples, fáceis, michos
De rimas pobres, de rimas pequenas.

Rimas que por aí se encontram às centenas.
Basta uma olhadela, um pequeno espicho
Do seu pescoço, pra se achar o nicho
De onde elas fluem livres e serenas.

Meu verso simples vem da tarde mansa
Da casa pobre ou menino de rua
De povo heróico que jamais descansa.

Do sol que queima ou do clarão da lua.
De tantas coisas presas na lembrança
E da insanidade que ora me acua.

3 de fevereiro de 2010


TIPO ASSIM
Jenário de Fátima


Depois da hora do Ângelus, vez em quando,
Quando já se anuncia a noite escura.
Meu olhar vaga o céu como em procura
De qual estrela mais está pulsando.

São tantas, tantas que vou separando
Em brilhos, tons, tamanhos e texturas
Enquanto o pálio aberto configura,
Universos em chamas faiscando.

Mas eis que uma se solta das alturas,
E cai nálgum lugar distante e frio.
E eu perdido em minhas conjecturas,

Relembro me de uma coisa tipo assim.
Quando tu foste eu fiquei tão vazio
E ninguém mais veio cuidar de mim....
TEMPO PERDIDO
Jenário de Fátima


Quanto tempo ficamos consumidos,
Pelas mágoas que devemos esquecer.
Por fantasmas do passado escondidos
Mas que as vezes insistem reaparecer.

Quanto tempo,isolados e perdidos,
Por lembranças que devemos esquecer.
Por casos que não foram resolvidos,
mas que a mente guarda mesmo sem querer.

Ai conta,quem de nós já não mais gosta,
Os negócios que perdemos a aposta,
Os amigos que não temos mais nenhum.

Conta as chancs que deixamos escapar,
Conta a dor de somente contemplar,
Ir morrendo os nossos sonhos um por um.

O QUE É O AMOR?
Jenário de Fátima


Se amor é isso que cantam os poetas
E escritores mostram em seus enredos.
Se o amor transforma ateus em ascetas
E torna bravos em homens com medos.

Se o amor tremula e abala estruturas
E aprisiona heróis em degredos
Se o amor é sempre uma eterna aventura
E meio a ela somos só brinquedos....
Acredito então que nunca tenha amado
Nunca vivenciei nada que fosse assim
Cada caso meu sempre foi controlado
Tudo que eu queria tava dito e fim
Mas o amor vira... Me diz alguém ao lado
E em forma de deboche, ri, com dó de mim...

LIBERDADE... LIBERDADE...
Jenário de Fátima

Esta coisa, que uns chama liberdade.
De fazer aquilo que bem se entende.
De fazer tudo que se dá vontade
De arvorar-se de que em nada se prende

Não existe.Existe sim de verdade,
É um estado de euforia que acende
Uma luz, cujo brilho surpreende,
Mas que esvai-se logo na escuridade.

É que sempre, sempre estaremos presos.
E os grilhões sabe cada qual os que têm.
Trabalhos, família, são como pesos

Que nos prendem, nos cerceiam, mas porém,
Não nos tornam tão frágeis, tão indefesos...
Como a coisa de não ser preso à ninguém.