14 de março de 2010


CHORAR PRA QUÊ?
Jenário de Fátima


Detesto que alguém chore, choro junto
Perco a vontade de seguir em frente
Às vezes, de tão triste, eu, doente
Fico sem interesse, sem assunto.

Chorar pra que ? Sempre me pergunto
Se a vida passa assim tão levemente
Um choro bate ao fundo, dói a mente
Ecoa no meu "eu" e sofro muito.

Porém, algo me acolhe e de improviso
Lembro que também se colhe um riso
Daquela mesma boca em desatino

E deste riso aberto, rosto alegre
É a imagem que guardo e me segue
E volto então, de novo, a ser menino...

SEGREDO
Jenário de Fátima


Sempre quando o Sol morre a cada dia.
É um tem a mais, somado em nossa vida.
Mais um pedaço da estrada percorrida,
Pela efemeridade que se amplia.

Mas, se a existência é opaca e vazia,
Deixando no fundo da alma retida
A tristeza, que chega decidida,
Ocupando espaços que eram da alegria

Ai então, é preciso reavaliar conceitos.
Saber perdoar alguém que nos feriu.
Identificar erros e defeitos

Mudando em nós mesmos como não se viu.
Ah! Conseguindo isso, conte-me o jeito...
Conte-me o segredo... De como conseguiu!

TEU BEIJO
Jenário de Fátima


Este teu beijo amor, será tão doce
Como é doce o pio da Cotovia?
E se de mel, amor, ele não fosse
De que então, amor, ele seria?

Seria da cor que o arco-iris trouxe
Pra colorir nossa tarde vazia
Ou feito aquele amasso que findou-se
Em uma cama bem quente e macia?

Teu beijo amor, diga qual o gosto
Pra eu saber o que nele foi posto
Além do mel, um pouco de pimenta.

E se eu entender talvez consiga
A ver um aviso onde se lê: siga
Nesta loucura que o amor inventa.

COMUNHÃO
Jenário de Fátima & Ana Barreto


Te quero ter pra mim agora e sempre,
Um amor de completo encantamento.
Quero ir a fundo neste sentimento
Que se plantou assim feito semente.

E após semear como se ara a terra
E espera dela o que poderá nascer,
Como o sol que clareia o amanhecer
Na turva neblina que ali descerra

E apenas seremos como Deus supunha...
Não feito amores que a vida rascunha
E depois esquece qual furtiva luz.

Estaremos sim, pelo sempre ligados
Um no outro unidos, presos, completados
No universo desse amor que nos conduz...