14 de janeiro de 2010

LEVE CANTO
Jenário de Fátima


Pelo negroso desta noite feita.
Chega uma horrenda figura de fera.
Vida de antiquíssima, de remota era
Que de tocaia, me espiona, espreita...

Enquanto a foice ela, calma, ajeita
Ao seu redor um brilho reverbera
Sinto-a somente apenas na espera
Pelo momento em que serei colheita...

Mas eu, embora em visivel pranto
Ainda rezo em prece e nesta hora
Na voz do vento eu ouço leve canto.

A fera se assunta, grunhe, e vai embora
E eu adormeço ao embalo do acalanto
Na voz pausada de Nossa Senhora...

Nenhum comentário:

Postar um comentário